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  • Foto do escritorMarcelo Hugo da Rocha

A menina que se divorciou da vida

Atualizado: 24 de jun. de 2020

Ainda me mantenho pensativo sobre a morte de uma "digital influencer" brasileira, que tirou a própria vida depois de se casar consigo mesma. Sinteticamente, ela estava há dois anos com o namorado e iriam se casar no último final de semana. Mas segundo a imprensa, às vésperas do casório, o ex-noivo a dispensou por Whatsapp e não atendeu mais ela. Então, ela decidiu manter a festa, que já estava paga, e casou-se com ela própria.


Tudo isso ela divulgou nas redes sociais, com vídeos e escrita. Há fotos da festa compartilhada, inclusive. E quando ela decidiu seguir em frente com a festa, ela foi criticada e ridicularizada em comentários. Ontem ela tirou a própria vida.


Algo que me chama a atenção é que ela era estudante de psicologia e, assumidamente, depressiva. Como estudante de psicologia também, já ouvi em sala de aula que fazer esta faculdade não é a mesma coisa que terapia, pois muita gente acredita que virando psicólogo vai se tratar por conta própria. Pode se achar em vários sentidos, mas não é a mesma coisa, definitivamente. Uma das regras "veladas" é que todo psicólogo precisa fazer terapia. Acredito, apenas, que como acadêmico em psicologia é mais provável você buscar ajuda do que refutá-la.


A imprensa está especulando as causas do desmanche do relacionamento, que indica que a culpa não seria do noivo. Entendo que tanto faz, pois o rompimento, abruptamente, é sempre ruim, mesmo para quem tenha dado causa e não admita isso. Não sei se a menina fazia tratamento, mas jamais apoiaria a ideia de manter a festa do casório como uma "forma de dar a volta por cima". A depressão é mais severa do que arroubos fictícios de alegria, como foi o caso. O pior é que o apoio do público, ao que se tem notícia, foi relativo.


Recentemente, foi noticiado que uma brasileira iria casar consigo mesma também. Era uma demonstração de autoestima, mas que também houve muitas críticas, do tipo "querendo se aparecer". Se a pessoa está frágil, qualquer vento derruba. Lamento pela menina que se divorciou da vida. Sucesso nas redes sociais, como do Whindersson Nunes, também diagnosticado com depressão, não sustenta ninguém com dificuldades psicopatológicas.


A vida (ou vitrine) virtual não é e nem deveria ser bengala psicológica de ninguém. As pessoas querem apenas expor seus troféus, medalhas, conquistas, melhores ângulos, do que assistir à desgraça alheia.




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