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  • Foto do escritorMarcelo Hugo da Rocha

A “treta” do Coaching com a Psicologia


Desde a novela global “O Outro lado do Paraíso”, há uma guerra pública entre coaches e psicólogos. Se antes a briga corria nos bastidores, agora ela passa em horário nobre. Não vou encenar o que aconteceu na referida obra ficcional, mas reiterar que o problema sempre esteve nos limites de atuação do profissional de coaching. Foi isso que aconteceu, já acontecia e continua acontecendo no mundo não ficcional.


É importante destacar que fiz um curso de leader coach há bastante tempo, tudo resumido num final de semana. Este foi o meu primeiro contato com a metodologia. Depois, segui uma pós-graduação que também tinha coaching, pois o objetivo principal era o tema de Psicologia Positiva. Então, tive acesso às duas faces do coaching: o evento e o aprendizado. O evento é o lance do “show”: luzes, suor e lágrimas. O aprendizado aconteceu mais nas leituras e na pós-graduação, pois ele é bastante raso nos eventos, pois o que fica é mais a provocação de um emocional coletivo.


Este é o meu sentimento sobre coaching. Ajuda? Sim. Até quando? Limitado. Cura? Jamais. Muda pessoas? Apenas contextos. Sei que as principais referências nacionais “tentam” um viés cientifico para o coaching, usando os atalhos do “ctrl+c” e “ctrl+v” da Psicologia, especialmente, a linha positiva do Martin Seligman e buscando fundamento na inteligência emocional do Daniel Goleman. Sei também que buscam ancorar a origem nas lições filosóficas de Sócrates. Será que Sócrates foi o primeiro coach de todos os tempos? A questão do mercado bilionário de formação de coaches, portanto, está na superação da “crença limitante” que o coaching é apenas coaching.


Este problema de invadir a área de formação da Psicologia, que exige longos e duros cinco anos de árduos estudos, notas e presenças, leituras difíceis que começam em Foucault e passam por tantos outros sem terminar em Freud, para deixar no mais óbvio, é difícil de aceitar. Portanto, os psicólogos têm toda a razão de enfrentar a invasão coachiana e proclamar o seu Independence day! Esta invasão se dá de diversas formas, não só pela falta de requisitos, regras ou de fiscalização, mas também pelas especialidades absurdas que surgem todo dia. Apenas para ficar nos mais escandalizados: coaching oncológico, coaching quântico, neurocoaching e psicoaching.


Não é por acaso, que está em tramitação a criminalização de abordagens malucas do coaching no Congresso Nacional depois de reunir mais de 20 mil apoios. Todos precisam entender que coaching é coaching e isso basta! Como metodologia, ajuda em diversos contextos desde que “aquele lado psicológico” – que todo mundo carrega (e não precisa fazer coaching) – não interfira no processo. Lembre-se que coaching não é orientação direta, mas socrática, ou seja, desenvolve-se por meio de perguntas. E só.


Por fim, é importante destacar, a Psicologia não opera apenas em desvios comportamentais nem se relaciona apenas com o passado, como muitos coaches gostam de diferenciar as áreas, unicamente, por estas justificativas. A mesma Psicologia Positiva que o coaching se apropria é uma psicoterapia própria da... Bingo! Psicologia! Apesar de todas estas explicações, a “treta” só vai amenizar quando houver uma regulamentação do coaching, mas duvido que os donos de cursos de formação desejam isso. Time que está rendendo, não se mexe.


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