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  • Foto do escritorMarcelo Hugo da Rocha

O viés da sobrevivência



Em tempos de pandemia diante do Covid-19, o que as pessoas buscam é, ao menos, sobreviver. Comigo e com você, provavelmente. Escrevo quando acho que 2020 já é um ano esquecível, sendo que estamos em meados de junho. Mas por alguma ajuda do contexto atual, cheguei a esta expressão, o "viés da sobrevivência" ou em inglês, "survival bias".


Pesquisando pela web, parece-me que sua origem está na Primeira Grande Guerra. Sintetizando, um matemático húngaro, Abraham Wald, chamado a ajudar em táticas para melhorar os aviões aliados, a partir da observação daqueles que retornavam para base, mesmo bem avariados. Os militares acreditavam que reforçando os pontos que mais eram atingidos, poderiam tornar suas naves mais resistentes. No entanto, Wald observou que se estes tinham retornado mesmo com dezenas ou centenas de perfurações, é por que a parte essencial não tinha sido atingida e, portanto, ela deveria ser fortificada.


Na imagem abaixo, os pontos vermelhos representam danos numa nave de guerra:


Assim, as partes não atingidas, como hélices e cabine do piloto eram essenciais. Provavelmente, as naves que não retornaram tiveram danos nestes locais. Desse modo, para melhorar a sobrevivência não era recuperar as partes atingidas, mas proteger melhor aquelas partes intactas e essenciais para nave retornar. No entanto, o viés da sobrevivência pode ser aplicado a outras áreas além da militar, senão vejamos.


Estamos acostumados a sempre observar os melhores exemplos para nos tornarmos iguais ou similares. Exemplos motivacionais estão em toda palestra, livro ou aula que pretende engajar seus participantes e leitores. O cara que largou os estudos e se tornou bilionário. O jovem que ficou rico com 18 anos. Aquele que saiu da favela e hoje tem um império. Aquela menina humilde do interior que conquistou o mundo da música. São tantas as histórias de superação, mas mesmo assim, são a "exceção da exceção", por isso, são quase únicas.


Por outro lado, quase ninguém enxerga aqueles que fracassaram ou desistiram. É como ignorar os aviões que foram abatidos e não retornaram para base seguros. Você compraria um livro com o título "Aprenda com os fracassados"? Pois então. Não quero dizer que as histórias de sucesso devem ser desprezadas, mas aprender com a derrota e os erros dos outros pode trazer até um melhor resultado a curto prazo do que seguir as lições de Bill Gates para criar outro sistema computacional, quem sabe, "Doors", já que "Windows" é dele?


É claro que também Gates sofreu diversos revés na sua caminhada, como Steve Jobs, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, entre outros gênios do Vale do Silício. "Seja bilionário em 7 passos" é uma equação tão cheia de variáveis, que os melhores matemáticos seriam todos bilionários, não é? Então, comece a observar as "partes que não foram atingidas" das figuras que você admira para ter um contexto melhor para suas conclusões. Disso, observe também seus próprios pontos vulneráveis e reforce eles para não ser abatido. Naqueles que você já foi atingido e continua vivo, na luta e sobrevivendo, fique feliz por sua resistência, pois, possivelmente, sua resiliência é forte o bastante!



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