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  • Foto do escritorMarcelo Hugo da Rocha

Por que focar naquilo que controlo?

Recentemente, publiquei uma imagem no Instagram que identifica o que está sob nosso controle e o que não está. Eu não esperava, mas ela "viralizou". Talvez seja a imagem que mais tenha alcançado tantas pessoas no meu perfil em muito tempo. Este texto é uma tentativa de explicar do porquê que atraiu tanta gente.


Eu tenho uma frase que escrevi pensando nos estudantes, concurseiros e acadêmicos sobre a importância do foco, mas que se aplica na vida.

"Saber controlar o que pode controlar, o resto deixa passar".

A ansiedade justamente está escondida nesta frase. "E se" é o gatilho para dispará-la em todas as situações. "E se" é algo que não podemos controlar. E se a prova for muito difícil? E se a cirurgia não der certo? E se ela não aceitar meu convite? E se as pessoas não gostarem de mim? E se chover todos os dias? Então, por que focar nestas possibilidades que não temos controle algum?


As pessoas se identificam no sofrimento de não conseguir controlar tudo o que gostariam, principalmente, nos pensamentos e opiniões alheia. Ora, nem mesmo conseguimos controlar todos os nossos pensamentos, como fazer isso na cabeça das pessoas? Além disso, já é difícil conviver com tantos pensamentos em nossa mente, além de já ser cansativo, é totalmente contraprodutivo querer pensar pelos outros.


Enquanto isso, na filosofia encontramos os estoicos, responsáveis pelo estoicismo, uma linha filosófica que está na "moda" tanto quanto a filosofia oriental, esta talvez nunca tenha saído. Três nomes principais são Epicteto, Sêneca e Marco Aurélio, todos romanos, apesar do estoicismo ter sido criado na Grécia e que viveram nos primeiros 200 anos depois do nascimento de Cristo.


Segundo Epicteto, o que podemos controlar são nossos juízos, impulsos e desejos. O resto está fora do nosso alcance, como nossa reputação, sucesso e bens materiais. É estranho ler isso, pois o que os coaches e mentores mais "vendem" é a ideia que temos controle de tudo. Em outras palavras, "podemos controlar nossa mente, mas não o mundo que à nossa volta", escreve o John Sellars, um especialista em estoicismo. E mesmo assim, não temos controle total de nossa mente.

"Só temos total controle sobre nossos juízos, isto é, sobre o que pensamos a respeito das coisas que nos acontecem" - John Sellars

Tudo começaria pelo juízo que temos das coisas, inclusive nossas emoções. Assim, elas seriam produto do que pensamos, como por exemplo, a raiva. Sêneca, outro filósofo estoico, ensinava que esta "emoção" originada do juízo é diferente daquela que é uma reação fisiológica e que não está sob controle. A resposta desta reação seria o juízo, que temos controle, e a partir dele, seria desencadeada a emoção (no sentido estoico). Este juízo impediria que a emoção ganhasse impulso, como a raiva gera a agressão.


A terapia cognitiva comportamental bebeu da fonte estoica quando identificou no "modelo ABC" onde deveríamos cuidar para mudar nossos pensamentos e emoções: não nos fatos, mas na interpretação deles (nas crenças). São as "lentes dos nossos óculos" que enxergamos o mundo e interpretamos os acontecimentos. Não temos controle das circunstâncias, mas podemos reformular nossas ideias a respeito e que, consequentemente, o que sentimos e pensamos serão afetados.


Além disso, importa destacar que nem o PASSADO nem o FUTURO está sob nosso controle, apenas o PRESENTE. No entanto, você pode hoje, por exemplo, ressignificar o passado, perdoando alguém, por exemplo, e trabalhar com mais foco em seus projetos por um futuro melhor.


O que você irá fazer com o seu TEMPO? No final das contas, é o tempo que temos neste exato momento é o que está sob nosso controle. Mas é comum ouvir: "Ah, mas quem é dono do meu tempo é o meu patrão". Ainda assim, o tempo continua seu, pois você está apenas vendendo para ele. Agora se o preço que ele está pagando é baixo, o problema é seu, não dele. Você poderia estar usando este tempo para outras coisas que fizessem mais sentido com os seus sonhos.


O foco está, então, no TEMPO e nas atitudes que tomará a partir dele. Tudo além disso não nos pertence... ainda.





  • Sugestão de leitura sobre os estoicos: "Lições de estoicismo" de John Sellars. Editora Sextante.




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